Sarney nega que filho tenha pedido para ele renunciar ao cargo

03/08/2009 16:58

    Extraído de: G1 - Globo.com

    O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), negou nesta segunda-feira (3) ter recebido um pedido de seu filho Fernando para que renunciasse ao cargo.    

    Na saída do plenário, Sarney foi perguntado por jornalistas se havia pressão de seu filho Fernando para que deixasse a presidência da Casa e respondeu : "isso não existe, isso não existe".

    Sarney presidiu por cerca de uma hora e vinte minutos a sessão de volta aos trabalhos no Senado e não foi constrangido em nenhum momento pelos senadores presentes com pedidos para que deixasse o cargo.

    O presidente do Senado disse estar com o espírito "muito bom" para o retorno do recesso e disse estar confiante para enfrentar a crise. "Nunca deixei de estar confiante".

    A sessão de retorno aos trabalhos foi aberta pelo terceiro secretário da Casa, Mão Santa (PMDB-PI). Sarney chegou cerca de quinze minutos atrasado e comandou os trabalhos a partir daí. Apesar da presença em plenário de senadores como Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Pedro Simon (PMDB-RS), que já pediram publicamente a saída de Sarney, não houve qualquer constrangimento ao presidente da Casa.

    Durante o tempo em que Sarney presidiu os trabalhos, não houve qualquer menção à crise do Senado. O presidente do Senado também não tocou no assunto e deixou a cadeira de presidente dirigindo-se para o gabinete da Presidência da Casa. 

    Um dos principais aliados de Sarney, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), descartou que o presidente do Senado esteja pensando em renunciar. "Não existe isso de renúncia. O presidente Sarney está disposto, tem enfrentado tudo. Sarney está firmíssimo. Ele tomou providências e vai continuar tomando".

    Outro aliado, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que uma eventual saída de Sarney não resolveria a crise na Casa. "O caminho para resolver o problema do Senado não é sacrificar o presidente Sarney nem ninguém, é mudar procedimentos. Sacrifício é coisa da Idade Média". Para Jucá, o momento é de "acalmar os ânimos".

Proibição

    Mais cedo, Sarney havia divulgado nota afirmando não ter responsabilidade sobre a decisão judicial que proibiu o jornal "O Estado de São Paulo" de publicar reportagens com dados sigilosos da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investiga seu filho Fernando.

    Sarney disse que não foi consultado sobre a decisão dos advogados de seu filho de entrar na Justiça com o pedido de proibir o jornal de realizar as reportagens. "Não fui consultado sobre essa iniciativa, de exclusiva responsabilidade dele e de seus advogados, e por isso é uma distorção de má fé querer me responsabilizar pelo fato", diz.

    Na nota, o presidente do Senado afirma que seu filho é vítima de uma campanha "cruel e violenta" por parte do jornal "O Estado de São Paulo". Sarney diz ainda que nunca processou nenhum jornalista.

    "Todo o Brasil é testemunha de minha tolerância e minha posição a respeito da liberade de imprensa, nunca tendo processado jornalista algum", afirma.

    A determinação, concedida em caráter liminar, estipula multa de R$ 150 mil para cada reportagem publicada pelo jornal que descumpra a decisão. Para evitar "lesão grave e de difícil reparação" a Fernando Sarney, o desembargador determina que o jornal "se abstenha quanto à utilização (de qualquer forma, direta ou indireta) ou publicação dos dados relativos ao agravante (Fernando Sarney)".

    O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), anunciou que entrará ainda nesta segunda com uma denúncia no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que concedeu a liminar pedida pelos advogados de Fernando Sarney.

    Para Virgílio, o magistrado deveria ter se declarado impedido de decidir a ação devido a sua ligação com Sarney e com o ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia. "Ele arranjou uma confusão da grossa. Ele poderia ter se declarar impedido, passar ao largo disso, mas devido a essa relação tão antiga já foi assinando qualquer ilegalidade". 

 


Autor: Eduardo Bresciani Do G1, em Brasília